Protagonizada por crianças do Vale do Jequitinhonha, da Serra do Mar, de Moçambique e Portugal, a mostra reflete sobre a preservação das águas.
Uma garrafa é jogada na água, levando uma mensagem urgente que conecta pessoas situadas em distintos lugares do planeta. Esta é a ideia central de um projeto que tem unido crianças do Brasil, de Moçambique e de Portugal em torno da importante luta pela preservação das águas.
Tudo começou em 2009, em São Gonçalo do Rio das Pedras, distrito de Serro, no Alto Jequitinhonha, em Minas Gerais, a partir de oficinas com estudantes de uma escola pública. O projeto “Telegarrafas”, nascido aí, segue com a exposição de mesmo nome no Palácio da Liberdade de 23 até dia 31 de outubro, com entrada gratuita e classificação livre.
Uma versão mais robusta ocupou a Galeria Mari’Stella Tristão, no Palácio das Artes, no princípio do mês de outubro e agora leva algumas de suas obras para um dos principais cartões postais de Belo Horizonte e, depois, segue para a Casa de Cultura Josephina Bento (Betim) de 01/11 a 29/11.
Sobre a Exposição
A exposição “Telegarrafas” convida o público a entrar em contato com histórias de crianças e suas famílias, que convivem com as águas, com suas paisagens e com as ameaças que colocam em risco a vitalidade da natureza em seus territórios. A exposição é resultado de uma experiência proporcionada a partir de oficinas de escuta das águas e da produção de filmes educativos realizados com essas crianças. Ao longo da visitação, serão apresentados elementos que compõem a beleza da identidade cultural das personagens, por meio de cartografias, painéis fotográficos, projeções e objetos relacionados à vida dessas crianças brasileiras, moçambicanas e portuguesas.
As instalações percorrem as águas de comunidades quilombolas, indígenas e ribeirinhas, entrando em contato com a memória de suas famílias, o registro do brincar livre nas águas e a intimidade com os rios. Os trabalhos expostos atravessam também o oceano, mostrando mais diversidade de vidas e a multiplicidade de relações com o mar.
Desaguando no futuro – O projeto transmídia “Telegarrafas” tem quatro etapas. Primeiro vieram as oficinas no Vale do Jequitinhonha e nas outras localidades do Brasil e do exterior. A partir daí, foi criado o filme ficcional “A mensagem de Jequi”, que será lançado em 2025: nele é contada a história de uma criança quilombola (Kaique Santos Silva), que solta um barco no rio próximo à sua casa e, a partir daí, conecta-se com outras crianças do Vale do Jequitinhonha (MG), Serra do Mar (SP), de Portugal e do povo Chope, de Moçambique, reestabelecendo um vínculo com a sua própria ancestralidade. A terceira fase é a exposição, que chega agora ao Palácio da Liberdade. E depois, por fim, os resultados do intercâmbio e da produção cultural servirão de base para uma cartilha de educação climática com as mensagens escritas pelas crianças ao longo da exposição. Em 2025 também está previsto um livro infantil ilustrado com as histórias relacionadas às crianças do filme e participantes da mostra.
O idealizador do Instituto Mundos, Igor Amin, que é também curador da exposição – além de ser autor de algumas das obras, em conjunto com as crianças e artistas convidados –, relembra o início no projeto, no Vale do Jequitinhonha. “Eu estava realizando oficinas com as crianças da Escola Estadual Mestra Virgínia Reis, em busca de ouvi-las e identificar qual assunto era mais valioso para elas, caso pudéssemos criar instalações audiovisuais e filmes educativos juntos. A água foi o elemento central das nossas conversas. Me levaram ao Rio das Pedras e contaram que ele chegava lá no mar. Nasceu então a ideia desses estudantes trocarem mensagens (em vídeo) por meio de garrafas com outras crianças pelo Vale do Jequitinhonha e também pelo mundo. Hoje, essa experiência se tornou a primeira edição da exposição, após uma longa jornada pelas águas das gerais, do Brasil e do mundo. Eu vejo todo esse processo, para ficarmos no vocabulário relacionado às águas, como um ciclo, que vem para reafirmar o direito das crianças conviverem com as águas de seus territórios. Convido a todos e todas para navegarem por essas mensagens e também deixarem as suas próprias. Traga uma garrafa limpa para reciclarmos e faça parte desta história”, conclama o curador.
Propostas artísticas múltiplas – Na mostra, o Telebarco, uma embarcação em tamanho real (com cerca de 5,5 metros), feita com madeira e garrafa, convida o público a se sentar e navegar junto às crianças protagonistas, de forma interativa e criativa.
A exposição traz ainda impressões em cianotipia das seis crianças, mostrando os artistas e seus modos de vida e de barcos de brinquedo aludindo à infância e à relação com as águas.
Também estarão expostas coletoras feitas de madeira e plástico reciclável, com suporte para tablets exibindo imagens das crianças em brincadeiras do dia a dia. Ao lado das coletoras, diversas garrafas, blocos de papel e canetas para que os espectadores deixem mensagens poéticas – em textos, desenhos ou pinturas – sobre o quão importante é a garantia do direito das crianças e das águas coexistirem em harmonia.
Algumas das mensagens deixadas poderão ser expostas no próprio espaço, assim como os recipientes plásticos trazidos pelo público serão estocados em uma bolsa para reciclagem ou reaproveitamento em oficinas de criação de “telegarrafas” nas escolas de diversos territórios que o projeto percorre e em novas instalações artísticas. Esta dinâmica de interação com o público da mostra traduz as principais temáticas que guiam a proposta curatorial: educação climática, infâncias e reciclagem.
INSTITUTO MUNDOS – É uma empresa social focada no desenvolvimento de projetos de educação, audiovisual e da natureza. Seu idealizador, Igor Amin, fundou em 2006 a comunidade de educação audiovisual “O que queremos para o mundo?” https://oquequeremosparaomundo.com.br/, intencionada a ensinar e aprender com as crianças de forma engajada, para que possamos transformar as telas em um ambiente amigável para todos.
Exposição “Telegarrafas”
Datas: 23/10 a 31/10
Horários: De quarta a sexta-feira, de 12h às 17h, e aos sábados, domingos e feriados, das 10h às 17h
Local: Palácio da Liberdade – Praça da Liberdade, s/nº, bairro Funcionários, Belo Horizonte
Classificação indicativa: Livre
Entrada gratuita
Datas: 01/11 a 29/11
Horários: De segunda a sexta, de 9h às 17h
Local: Casa de Cultura Josephina Bento (Betim)
Classificação indicativa: Livre
Entrada gratuita
Instagram: @telegarrafas